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"A Corrida do Ouro": ao mestre e sua nobreza com carinho

Olhar Teatral, Por Paty Lopes, Crítica Teatral

Em 14/05/2022 às 09:08:20

Como deixar passar despercebido um espetáculo como A Corrida do Ouro? Seria uma covardia, não só por sua beleza cênica, mas pela história que esta obra carrega. Ao começar pelo espaço que o espetáculo está. O teatro da Uerj continua lindo e não deixa a desejar em absolutamente nada para qualquer outro espaço teatral no estado do Rio de Janeiro. É legítimo a força científica que a universidade carrega.

O espaço merece um salve, principalmente pelas equipes de produção e artística, que deram mãos ao projeto inicial. A equipe de técnicos de iluminação é toda do teatro. Que beleza de trabalho. Logo, pode-se dizer, Uerj é Uerj! E é de lá a direção, Eduardo Vaccari, professor também! Quem é ele? Um mestre da vida, por acreditar em seus alunos, por tirar recurso do seu bolso e investir no que ele acredita. Eduardo não tem ideia de como esse valor é imensurável à sociedade e aos seus alunos. Ele estará na memória de cada um deles, que hoje (porque eles irão mudar suas histórias) são jovens não tão conhecidos no mercado artístico, mas que nos presenteiam com seus ofícios a esperança que a arte no Brasil há de sobreviver aos momentos ruins. Que saibam que não é de qualquer maneira, mas com beleza, com uma mala educacional da mais alta relevância. E tudo isso deve-se ao imenso anjo Vaccari. Sua direção é simplesmente estarrecedora! Se os olhos escapam da cena principal, é possível ver personagens em plena atuação em cada canto. Eduardo tem a capacidade de deixar o palco - e atentem, não é um palco pequeno -, ocupado e em movimento. Saiba senhor diretor, que se esta crítica fosse recomendar premiações, tão claro quanto as águas dos mais límpidos rios, o seu trabalho (que não é só seu, mas de todos em volta) estaria em vários requisitos. Entre eles os de movimento, pois não lembro de ter assistido algo semelhante. Os movimentos de corpos deste espetáculo é de uma expertise singular!

No livro dos espíritos, dizem que existem anjos das artes. E existem! Podem certos Espíritos auxiliar o progresso das artes, protegendo os que a elas se dedicam? “Há Espíritos protetores especiais e que assistem os que os invocam, quando dignos dessa assistência. Que queres, porém, que façam com os que julgam ser o que não são? Não lhes cabe fazer que os cegos vejam, nem que os surdos ouçam.” Ao assistir esse espetáculo, é visível que esses espíritos existem sim, e acompanham essa equipe, em especial o mestre que rege essa orquestra sem rasuras ou qualquer revisão.

E o que seria do mestre sem esse elenco? Nada! Que jovens são esses? Que artistas são esses? Uma encarnação de Molière? Ou marionetes que soltaram seus fios e saíram por aí se apresentando, como se fosse mágica? Só pode! Dispensam comentários. No entanto, cabe afago, cabe dizer que são verdadeiros fazedores de cultura desse Brasil. São PERFEITOS, estão preparados para o mercado, para o reconhecimento, são viscerais e dignos de cantos de louvor. Fato! Seus corpos, vozes e espírtios, estão entregues ao teatro, sente-se exatamente isso ao assistir a obra. Ah! Eles também são anjos musicais com seus instrumentos, tão bons quanto "O Flautista de Hamelin" (reescrito pelos irmãos Grimm). É possível sentir-se como ratos e crianças deste conto folclórico, hipnotizados pelo som. O desenho de luz dos profissinais Mauricio Fuziyama e Rommel Equer estão conscientes, harmoniosos ao texto e artistas. O figurino de Nívea Faso compreende exatamente o que deveria ser apresentando na obra. Charles Kahn, esse ser divino, orquestrou com majestade a trilha sonora, que é autoral, que combina com divinal. É preciso rimar, escrever com poesia, pois é merecedor!

Fernanda Klayn confeccionou os bonecos, uma surpresa à parte, que animação esplendorosa! Esses bonecos criam vida ao encontrarem-se com os artistas e luz! Segredo: são caveiras que andam!

Ida Bagus Anom Suryawan, Mahendra Adiyasa I Kadek, Nyoman Naranata e Nyoman Setiawan, quem são esses? São os donos da porra toda! Levaram ao espetáculo máscaras que possibilitaram as criações de movimentos inesquecíveis, segundo Vaccari.

Vale mencionar o nome do Teatro. Odilo Costa Filho foi diretor do Departamento Cultural da UERJ entre 1976 e 1978 e empresta seu nome ao espaço, construído a partir de sua sugestão para que a universidade dispusesse de uma grande casa de espetáculos que servisse tanto à cena cultural da cidade quanto a local que recebesse os diversos eventos e cerimônias acadêmicas que toda universidade deve realizar

O texto é extraído da obra do grande Lima Barreto, o que não poderia ser diferente, coisas de professor. Lima sempre trouxe aos seus textos temáticas sociais, expressando muitas injustiças, como preconceito e o racismo. Quiçá a sociedade carioca assistisse ao espetáculo, entenderia muito sobre a cobiça e para onde ela pode levar quando é desmedida! Lindíssimo, belíssimo, imperdível!

Sinopse

O conto, escrito em tons de fábula em novembro de 1910, trata da ambição desmedida de homens e mulheres de Tubiacanga. Nesta pequena cidade, um misterioso químico, Raimundo Flammel, descobre uma estranha forma de fabricar ouro e esse fato transforma a vida local. Antes vista como uma ofensa moral a todas as religiões e preceitos, a cobiça faz a cidade mudar de opinião e guerrear pela matéria-prima dessa alquimia.

FICHA TÉCNICA

Direção:

Eduardo Vaccari

Dramaturgia:

colaborativa a partir do conto "A Nova Califórnia" de Lima Barreto

Elenco: Aline Marosa, Arianne Felix, Fernanda Klayn, Gabriel Moura, Gabriela Checchia, Julia Pastore, Nathalia Cantarino, Rodrigo Ladeira, Rodrigo Lima, Thiago Penna Firme e Yani Patuzzo.

Direção Musical: Charles Kahn

Colaboração em Desenhos de Movimento: Amanda Gouveia

Cenografia: Alice Bodanzky e Eduardo Vaccari

Iluminação: Mauricio Fuziyama e Rommel Equer

Figurinos: Nivea Faso

Assistência de Figurinos: Aline Marosa

Idealização e confecção de bonecos: Fernanda Klayn

Programação Visual: Marcio de Andrade

Máscaras: Ida Bagus Anom Suryawan, Mahendra Adiyasa I Kadek, Nyoman Naranata e Nyoman Setiawan

Produção: Maschere Ateliê

Realização: Teatro Odylo Costa, filho, Divisão de Teatro, Decult, PR-3

Serviço:

Hoje, Sábado, 14 de maio, às 19h

Venda de ingressos pelo Symplahttps://www.sympla.com.br/evento/a-corrida-do-ouro/1558433?lang=PT

R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Teatro Odylo Costa, filho UERJ Maracanã - Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã


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